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Chatbots na educação: um novo jeito de aprender e ensinar

Por FERNANDA LA CRUZ Sócrates, o filósofo grego, dizia que o aprendizado provém do diálogo. A novidade é que hoje, 2.300 mil anos depois, a interação não ocorre só entre um humano e outro. Também acontece […]

9 de dezembro de 2019 8:00 am Tecnologia

Por FERNANDA LA CRUZ

Sócrates, o filósofo grego, dizia que o aprendizado provém do diálogo. A novidade é que hoje, 2.300 mil anos depois, a interação não ocorre só entre um humano e outro. Também acontece entre humano e chatbots – como são chamados os serviços de atendimento virtual desenvolvidos a partir de computação cognitiva e inteligência artificial.

É o caso de Téo, o chatbot de educação adquirido no ano passado pela Estácio, um dos maiores grupos de ensino superior do país. Téo conversa com os estudantes pela página de um programa de carreiras da universidade no Facebook. Pelo serviço de mensagens, os discentes indicam suas habilidades e interesses profissionais, bem como hobbys e preferências pessoais.

A partir da análise dessas informações, o sistema de computação cognitiva estima as profissões mais compatíveis com o perfil do aluno. Cabe a Téo as indicar. Em dez meses de operação, o robô fez mais de 7 mil atendimentos. Tornou-se um sucesso entre os alunos – substituindo, muitas vezes, os velhos testes de vocação.

“Num questionário tradicional, se eu indicar que gosto de estudar, tenho disciplina e adoro biologia, essas características me levarão à medicina, sem considerar os outros aspectos da minha vida”, critica Fernando Gouvêa, cofundador da Outra Coisa, empresa especializada em chatbot de educação e criadora de Téo.

Identificar vozes, rostos e predileções por meio de interações fez com que os chatbots chegassem a uma nova fronteira do atendimento digital. Isso porque além de toda inteligência instalada, os robôs são ágeis, baratos e eficientes.

Não à toa, um crescente número de empresas tem adotado a janelinha que surge no canto da tela quando você entra num site de compra ou de serviços. Pelo menos metade de todas as médias e grandes empresas utilizarão chatbots de produtos até 2020, de acordo com o Gartner.

A previsão, segundo a consultoria Grand View Research, é que esse mercado chegue a US$ 1,25 bilhão em receita global em 2025, com uma taxa de crescimento médio anual de 24,3%.

Uso de chatbots na educação

A Professora Elektra foi um dos primeiros chatbots na educação brasileira. Desenvolvido em 2002, por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o tutor virtual auxilia o aprendizado de estudantes em cursos a distância. No ar até hoje, o sistema foi inspirado no primeiro robô educacional do mundo, Alice, criado na Lehigh University, em 1995.

Tanto os bots pioneiros quanto os atuais utilizam inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) e machine learning – área da ciência que desenvolve o autoaprendizado das máquinas.

Antes de entrar em cena, o robô é treinado de acordo com sua função – responder, calcular, conversar, jogar. Isso acontece mediante a exposição do sistema a informações e comandos pré-determinados. É assim, formando um grande banco de dados, que o robô adquire o conhecimento para pensar e ensinar. O processo costuma durar de dois a três meses.

Além do papel de conselheiro profissional, os chatbots na educação são utilizados principalmente como tutores. Os sistemas ensinam através de simulações, testes e games. Também fazem treinamentos de onboarding, conduzindo a navegação de alunos e professores na apresentação de cursos e de disciplinas inteiras.

O mais famoso deles é o Watson. Desenvolvido pela IBM, o chatbot prioriza a aprendizagem personalizada do aluno através da conversação. Dessa forma, o sistema acompanha o progresso do estudante e oferece o conteúdo mais ideal – vídeos, fotos, textos. Tudo com base nas preferências do usuário.

A ferramenta ainda conta com uma versão exclusiva aos docentes. É o IBM Watson Enlight (na foto abaixo), utilizado para execução e planejamento de aulas. No início do ano letivo, o Watson disponibiliza informações sobre a turma e, ao longo do semestre, apresenta insights sobre o desempenho dos discentes. Ele ainda oferece suporte de aprendizado, realizando treinamentos para os profissionais.

print screen do Watson da IBM

Apesar do caráter instrucional, é importante lembrar que os robôs não substituem o professor. “Os chatbots na educação são para complementar a aula, não são um fim em si mesmo”, diz Gouvêa, da Outra coisa – que, além do robô da Estácio, também desenvolveu o G1 Enem, de perguntas para a prova, e o Tecnomagia, sobre transformações digitais.

Na sala de aula, o chatbot é visto como auxílio-extra ao professor. Mesmo que o docente tenha encerrado o aprendizado de uma matéria, o aluno com dificuldade pode usar o sistema inteligente e estuda-la pelo tempo que precisar. O mecanismo deixa os estudantes mais à vontade, inclusive porque eles tendem a ter menos vergonha de errar na frente de um robô. É o caso do Duolingo, aplicativo pioneiro para o aprendizado de idiomas por meio de conversação.

Fonte: https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/chatbots-na-educacao/

* Os textos, vídeos e áudios publicados são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Cesu.

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